Como evitar a Síndrome da Morte Súbita do Lactente?

Como evitar a Síndrome da Morte Súbita do Lactente?

Durante a minha carreira como enfermeira obstetra e como consultora do sono, muitas mães me perguntam qual é a forma correta e segura de colocar o bebê para dormir? Afinal, com medo de que algo aconteça, a maioria delas acabam vigiando o sono noturno de seus filhos. O resultado disso: muito cansaço e exaustão.

As principais perguntas são:

  • Por que tenho que retirar o protetor de berço? Que risco ele traz?
  • Por que tenho que colocar o meu bebê de barriga para cima para dormir e não de lado? Se meu bebê tem refluxo como devo agir?
  • Como posso ficar tranquila garantindo um sono seguro para meu bebê?
  • Qual é o momento certo para transferir meu bebê para o quartinho dele?

Se você também tem essas dúvidas, confira algumas dicas abaixo:

A principal preocupação das mamães durante o sono noturno do bebê é que aconteça algo de ruim, como a Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), e que elas não consigam socorrer no momento certo. Mas, afinal, o que é a Síndrome da Morte Súbita do Lactante?

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Americana de Pediatria, a Síndrome da Morte Súbita do Lactente é definida como a morte súbita de uma criança com menos de um ano de idade, inesperada e sem causa aparente, que ocorre, em geral, durante o sono noturno de um bebê aparentemente saudável.

Como mencionado, a causa da SMSL ainda é considerada desconhecida. Uma das teorias mais recentes baseia-se na dificuldade do bebê em acordar durante um episódio de perigo devido à imaturidade do tronco cerebral. Esta situação de perigo está relacionada ao sufocamento, diminuição de oxigênio, obstrução das vias aéreas superiores e superaquecimento.

No entanto, muitas pesquisas mostram que a causa da SMSL é multifatorial. O mais relacionado é a posição que o bebê dorme:

Dormir de bruços (barriga para baixo): antes da década de 90, muitos pediatras orientavam que a criança deveria dormir de barriga para baixo. No entanto, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos constatou uma queda de aproximadamente 60% nos casos de morte súbitas e comprovou que a posição de bruços é a de maior risco, pois o bebê mais novo não consegue responder na situação de perigo, ou seja, não consegue virar o rosto ou mudar de posição. Devido a esses fatores, a criança deve dormir em um colchão firme, sem a presença de travesseiros, lençóis, protetores de berço, cobertas e bichinhos de pelúcia.

Segundo a Dra. Magda Lahorgue Nunes, Membro do Comitê de Neurologia da SBP, bebês com refluxo gastresofágico ou outras condições médicas que impossibilitem esta posição devem dormir preferencialmente em decúbito lateral. Mas algumas recomendações para os bebês com refluxo devem ser consideradas:

  • Manter tratamento e acompanhamento médico;
  • Erguer a cabeceira do berço;
  • Manter o bebê no colo na posição de pezinho de 20 a 30 minutos após a mamada;
  • Manter o bebê no quarto dos pais no mínimo até os 6 meses ou até melhorar os sintomas.

Outras orientações para evitar a Síndrome da Morte Súbita do Lactente e garantir um sono seguro:

  • Colocar o bebê para dormir de barriga para cima;
  • Colocar o bebê para dormir no quarto dos pais até 6 meses de idade, pois se acontecer alguma coisa com o bebê os pais estarão de prontidão para socorrê-lo. Caso o berço não caiba no quarto dos pais, um dos cuidadores deverá dormir com o bebê no quarto dele até no mínimo os 6 meses;
  • Colocar o bebê para dormir em um colchão firme;
  • Não usar protetores de berço, pois estes trazem risco de sufocamento e estrangulamento. Caso você queira usá-los opte pelos vazados, trazem menos riscos e permitam a circulação de ar;
  • O bebê deve dormir no seu berço, moisés, ou em um berço acoplado na cama (co-sleeper) do casal. Evite deixá-lo a noite toda no carrinho ou no bebê-conforto, pois estes não garantem a posição e o espaço adequado para o bebê dormir;
  • Manter o bebê longe de fumaça de cigarro, pois a fumaça pode provocar sufocamento e desenvolver problemas respiratórios;
  • Não colocar bichos de pelúcia, travesseiro e cobertores no berço quando o bebê estiver dormindo;
  • Vestir o bebê com roupas leves e confortáveis. Não superaquecer o bebê para dormir e nem o enrolar em cobertores. Neste inverno, utilizar macacões mais quentinhos ou optar pelos saquinhos de dormir;
  • Certifique-se que o protetor de berço e o lençol de baixo estejam firmes;
  • Manter o ambiente com ventilação e temperatura adequadas. A temperatura ideal do quarto deverá ser de 23 graus e a umidade do ar de 40 a 60%;
  • Não colocar o bebê para dormir em um ambiente com fumaça de cigarro;
  • Amamentar no seio o maior tempo possível. Estudos mostram que bebês amamentados no seio correm um risco menor de contrair SMSL;
  • Levar o bebê a todas as visitas marcadas pelo pediatra. Evidências mostram que imunizações podem ter um efeito de proteção contra SMSL;
  • Estudos mostram que oferecer chupeta nas sonecas e no sono da noite (se o bebê usar) pode diminuir o risco de SMSL, devido ao reflexo de sucção. Atenção: chupetas antes do primeiro mês podem atrapalhar o aleitamento materno e após os 2 anos podem atrapalhar a dentição;
  • Não prenda a chupeta na roupa do bebê e nem no berço, pois isso pode levar à acidentes como asfixia;
  • O momento certo para colocar o bebê de barriga para baixo é durante a estimulação do tônus do tronco-cervical, que deverá ser realizada sob supervisão durante o dia e de preferência no tapete de atividades no chão;
  • Se a família for viajar, é importante verificar se no hotel há um berço adequado e seguro para o bebê ou então deve levar um berço portátil;
  • Se o bebê for ficar na creche, escolinha ou com uma babá, oriente sobre todas essas recomendações.

Se as mamães de plantão seguirem estas dicas, poderão ficar tranquilas, relaxar e ter bons sonhos com noites mais seguras.

Referências bibliográficas

https://www.mdsaude.com/2014/07/morte-subita-em-bebes.html

http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/img/documentos/doc_sindrome_msl.pdf

http://www.aap.org/en-us/about-the-aap/aap-press-room/pages/AAP-Expands-Guidelines-for-Infant-Sleep-Safety-and-SIDS-Risk-Reduction.aspx

http://sids.org/

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